top of page

ORGÂNICOS

Agricultura orgânica, também conhecida como agricultura biológica, é um tipo de produção, que possui o objetivo de preservar a saúde do meio ambiente, os ciclos, as atividades biológicas do solo e a biodiversidade. Nesta produção, os alimentos e demais produtos vegetais, recebem o cuidado com a não utilização de agrotóxicos e pesticidas no seu cultivo, se ajusta às características do local e utiliza tecnologias naturais para a manutenção do plantio. São utilizados predadores para as pragas comuns na lavoura, bem como adubos e fertilizantes naturais e orgânicos.

Os produtos orgânicos já foram adotados em mais de 120 países, deixando claro que não se trata de uma tecnologia exclusiva para países desenvolvidos. Segundo uma pesquisa da Universidade de Campinas, na década de 1990, o mercado brasileiro de produtos orgânicos cresceu cerca de 50% ao ano e, hoje, o Brasil é o segundo maior produtor do mundo, com cerca de 70% de suas vendas voltadas para o mercado externo.

IMG_8596.JPG

“Com 20 anos morando na fazendinha, e gostando de fazer algo diferente, peguei esse desafio e resolvi ter minha própria horta para conservar mais o meio ambiente e me ausentar de muitas coisas, como o agrotóxico que me fazia mal”. Conta Domingos Gomes.

IMG_8524.JPG

Em Macapá, especificamente no município de Fazendinha. Mora um agricultor chamado Domingo Gomes, mais conhecido como Sr. Domingos, ele possui uma horta orgânica, onde todos os dias juntamente com sua família, se dedica aos cuidados da mesma.

IMG_8223.JPG

Foto: Paolla Gualberto

IMG_8553.JPG
IMG_8201 (1).JPG

Seu Domingos criou o projeto Mundo das Plantas, que realiza vendas dos legumes, vegetais e plantas ornamentais. Também ministra oficinas para criação de hortas tradicionais, produz seus próprios fertilizantes e novas formas de adubação orgânica para a horta. Aqueles que buscam uma vida saudável, sempre vão a busca de Sr. Domingos. Com uma página educativa no instagram @mundodasplantas, ele divulga as novidades da horta e também conscientiza pessoas a ter hábitos saudáveis, ajudando o mundo ser livre de causadores de males a saúde humana.

AGROTÓXICOS: UM MAL NECESSÁRIO?

Os agrotóxicos são produtos utilizados para alterar a composição química das plantas. São massivamente utilizados no ramo da produção agrícola, estimulam o amadurecimento precoce, “melhoram” a aparência das plantas, preservam e afastam pragas das plantações.

 

Falando assim parece um produto perfeito e com inúmeros benefícios, mas estudos da organização Mundial da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, associam o uso dessas substâncias a problemas de saúde e problemas ambientais.

Os agrotóxicos podem ser divididos em tipos: inseticidas, fungicidas, herbicidas, desfoliantes e fumigantes. O uso desenfreado desses químicos pode ser maléfico para o meio ambiente, contaminando o solo, os lençóis freáticos e, dessa maneira, prejudicando a saúde humana. Além da contaminação indireta, especula-se que a ingestão através dos alimentos cultivados com esses produtos também possa causar danos à saúde, pois são venenos fortíssimos.

 

Indo na contramão de quem utiliza esses produtos, existem pessoas que miram em uma alimentação saudável em todo o sentido que essa expressão engloba. O Seu Domingos, como é conhecido Domingos Gomes da Silva, de 58 anos, é uma dessas pessoas.

IMG_8636.JPG

Seu Domingos cultiva uma horta integralmente orgânica desde 1998. Os alimentos nela produzidos são cem por cento livres de agrotóxicos. O cultivo é feito com fertilizantes naturais, que o Seu Domingos desenvolve na própria horta.

 

Antes de começar com a própria horta, Domingos trabalhava em outra horta e utilizada agrotóxicos no plantio. Em decorrência do uso contínuo, Domingos passou a sentir dores pelo corpo e alterações no humor. Foi aí então que decidiu largar esse trabalho e partir para a própria plantação, feita inteiramente sem veneno.

Domingos considera-se uma pessoa consciente, pois entende que as doenças que afligem o corpo humano vêm diretamente de uma má alimentação. Para ele, se alimentar sem venenos é um grande passo para desenvolver uma vida saudável, e visando isso ele criou o que chama de “Projeto Mundo das Plantas”, uma horta que mescla vegetais e plantas ornamentais.

 

“Os alimentos têm um valor comercial mais elevado, mas são mais saudáveis, e por isso valem a pena”, comenta Domingos sobre os alimentos plantados na horta.

IMG_8534.JPG
IMG_8176.JPG

Os fertilizantes naturais são uma mistura de esterco de animais (galinhas, principalmente), mamona, feijão, garapa de cana, leite e vários outros alimentos. Domingos deixa esses produtos dentro de uma caixa d’água durante cem dias, para que possa ser utilizado nos alimentos sem causar danos a eles e aos seres humanos.

IMG_8598.JPG

“O cultivo das minhas plantas demora um pouco mais que o convencional, em média 8 dias a mais, mas é um processo natural, saudável, sem venenos”. 

 

Domingos é capacitado através de cursos para desenvolver os fertilizantes. Além de fazer os cursos como estudante, ele passou também a ensinar para assim cultivar a ideia de uma plantação natural e livre de agrotóxicos.

IMG_8532.JPG

PANC'S

Qualquer pessoa que já se deparou com canteiros, quintais, hortinhas ou mesmo observando as margens de vias públicas, encontrou uma grande variedade de plantas muito resistentes e que se espalham rapidamente, aproveitando cada  pequena porção de terra para crescer e se desenvolver. Alvos de preconceito e desinformação, muitos desses vegetais, comumente identificados como “mato” ou “praga”, possuem alto valor nutricional e forte potencial alimentício, são as chamadas PANC: plantas alimentícias não convencionais. O termo também serve para partes que não costumam ser consumidas de plantas já muito conhecidas, como os brotos da batata-doce, do nabo, da cenoura e da abóbora.

A sigla panc foi criada pelo biólogo Valdely Kinupp, pioneiro no estudo do potencial alimentício dessas espécies no Brasil. Em seu livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil”, o botanista faz um apanhado de grande parte das espécies de plantas para fins alimentares, desmonta a ideia de serem pragas e ensina como torná-las próprias para o consumo.

A nutricionista e pesquisadora do Núcleo de Tecnologia de Alimentos do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA), Marcela Brito, ressalta que nem todas podem ser consumidas cruas, pela ocasional presença de toxinas em algumas espécies, e o preparo específico de cada panc é que as elimina. “Não é só ir a um canteiro ou à beira da rua e arrancar uma planta, ela deve ser identificada e higienizada antes do início de qualquer processo de preparo”.

“Mas se você conhece o vegetal e cultiva ele na sua casa, com seu próprio adubo, esse produto acaba se tornando de origem orgânica, aí se não for tóxico e puder ser consumido in natura, melhor ainda”, completa a pesquisadora.

Brotos.jpg

PANCS NO MAPA DA FOME

No relatório divulgado em 2018, a FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura aponta os indicadores da fome e da desnutrição no mundo, que apresentam aumento em toda a América Latina e Caribe: faltam alimentos para 47 milhões de pessoas. Estes números são obscenos ao considerarmos que esta é uma das regiões mais férteis e de maior destaque na produção de commodities agrícolas no mundo. Na ocasião, o representante regional da FAO para a América Latina e Caribe, Júlio Berdegué, destacou: “não há razões técnicas, nem materiais”.

Já o Brasil, país que conseguiu sair do mapa da fome em 2014, voltou a registrar aumento no número de pessoas abaixo da linha da pobreza e em estado de subnutrição: 11,7 milhões de brasileiros segundo o relatório, ou 5,6% da população, no país que anualmente quebra recordes de produção agrícola. A desigualdade é a maior causa, segundo o mesmo relatório, cuja crise econômica mundial e a grave recessão na economia brasileira resultaram em cortes orçamentários que dificultam o acesso a programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício da Prestação Continuada, e aos incentivos à agricultura familiar, principais responsáveis pelos números positivos de nutrição da última década.

Frente às grandes monoculturas, que dependem de maior custo de preparo do solo, fertilização, plantio e colheita, desde máquinas até os insumos utilizados, as pancs também surgem neste cenário como uma possibilidade de produção em regiões onde os recursos são mais escassos e as fragilidades humanas, maiores; elas obedecem a sazonalidade da região, vigoram mesmo em solos não tão férteis quanto os exigidos pela agricultura convencional e possuem maior resistência às pragas e variações climáticas. Fora das grandes cozinhas onde dão um toque exótico aos alimentos preparados para a alta gastronomia, as pancs são sobretudo uma alternativa para a nutrição mais completa e consciente, e também parte de um outro conceito cada vez mais em voga: agroecologia.

IMG_8529.JPG

É de comer! Algumas pancs que você precisa conhecer:

Almeirão-roxo lactuca indica L.

Ideal para hortas escolares por ser de fácil cultivo e render bastante, do almeirão-roxo se utiliza as folhas: cruas ou refogadas, este vegetal é rico em antioxidantes e pode ser consumido da mesma forma que a couve, picada em tiras finas.

Almeirão-roxo.jpg

Bertalha-Coração anredera cordifolia (tenore) steenis

A bertalha-coração é uma trepadeira nativa, também de fácil cultivo, reconhecida pelas suas várias folhas em formato de coração e suas pequenas batatas, que crescem nos ramos, podendo ser cozidas. As folhas e bulbos, após passarem pela etapa de cozimento, são ótimas para saladas e acompanhamentos de pratos. São também ricas em fibras e de baixa caloria.

Bertalha-coração.jpg

Jaca Verde artocarpus heterophyllus

O fruto imaturo, depois de cozido e retirada a casca, pode ter sua polpa utilizada como uma substituta para a carne em pratos veganos e vegetarianos, desfiando-a como frango. O uso de óleo ajuda a retirar a resina pegajosa, característica da jaca, e os caroços, depois de assados, podem ser consumidos como castanhas.

jaca-verde.jpg

Urtiga urtiga dioica L.

Apesar da necessidade de ser manuseada com cuidado devido às suas propriedades urticantes, a urtica tem sabor agradável e é um dos alimentos mais ricos em ferro do mundo. Após cozida, pode ser servida como acompanhamento, em saladas ou sopas.

Urtiga.jpg
bottom of page